DEPOIMENTO CIRLEI CORREA - FUNDADORA ESPERANZA E MISSÃO DO BEM
Nasci em Rio Pardo, onde meus pais dirigiam a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, e fundaram muitas instituições sociais na região. Mesmo diante de muitas situações difíceis, como a perda de nossa casa em um incêndio e o diagnóstico de câncer da minha mãe, meus pais sempre tiveram imenso prazer em atender a todos que passassem por alguma situação de dificuldade. Certamente minha mãe foi curada pela Fé que tinha no Deus que pregava.
Cresci envolvida nesse ambiente de amor ao próximo, fé e muito carinho. Minha mãe adorava cozinhar e costurar para a criançada. Para ela, todos eram seus filhos. Ela dizia que me deixaria três coisas que ninguém poderia me tirar: Um sorriso que abriria portas (para isso tinha que escovar muito bem os dentes), o gosto pelos estudos e um coração bondoso.
Semear, colher bons frutos e fazer a região crescer.
Essa é a vida de um Pastor Missionário com amor no coração.
Nasci em Rio Pardo, onde meus pais dirigiam a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, e fundaram muitas instituições sociais na região. Mesmo diante de muitas situações difíceis, como a perda de nossa casa em um incêndio e o diagnóstico de câncer da minha mãe, meus pais sempre tiveram imenso prazer em atender a todos que passassem por alguma situação de dificuldade. Certamente minha mãe foi curada pela Fé que tinha no Deus que pregava.
Cresci envolvida nesse ambiente de amor ao próximo, fé e muito carinho. Minha mãe adorava cozinhar e costurar para a criançada. Para ela, todos eram seus filhos. Ela dizia que me deixaria três coisas que ninguém poderia me tirar: Um sorriso que abriria portas (para isso tinha que escovar muito bem os dentes), o gosto pelos estudos e um coração bondoso.
Semear, colher bons frutos e fazer a região crescer.
Essa é a vida de um Pastor Missionário com amor no coração.
Por anos e anos, chegávamos a receber 30 hóspedes em nossa casa para os eventos, minha mãe virava noites acordada para preparar toda alimentação deles, cantando pela casa e muitas vezes sem nenhuma ajuda. Mesmo após dias cansativos de trabalho, tinham fôlego para ouvir muitos jovens, dar conselhos e abraçá-los, sempre com sorriso no rosto. Eu, adolescente, gostava da casa cheia, dos congressos, mas não percebia o quanto meus pais trabalhavam pelo próximo.
Meu pai recebeu muitas homenagens, entre elas, Cidadão Benemérito no Centenário da Assembléias de Deus do Brasil, cidadão Emérito do Estado do Rio Grande do Sul, por 65 anos de serviços sociais prestados no Estado, cidadão honorário de Porto Alegre, Capão da Canoa, entre outras cidades.
Uma frase que minha mãe me disse quando eu tinha 12 anos nunca saiu da minha cabeça:
"Um dia vai nascer em teu coração, o desejo de ajudar a quem precisa".
No decorrer dos anos meus pais sempre se dedicaram a ajudar o próximo sem medir esforços.
Em 2011, minha mãezinha ficou doente e os levei para morar comigo em Porto Alegre, para que eu pudesse estar todos os dias com eles e me dedicar exclusivamente a cuidar deles.
Eu dizia a minha mãe: Quem vai orar por mim se me deixar??? Com voz doce respondia.
"Filha a mãe orou a vida toda por ti, agora quando eu me for você receberá tantas bençãos que muitos ao teu lado serão abençoados também".
Em 2013, com 75 lindos anos de casamento e uma diferença de apenas 3 meses, encerraram-se duas vidas dedicadas ao amor ao próximo.
Nesse momento meu mundo caiu, me senti triste, perdida, como se não precisasse mais estar aqui. Então procurei um lugar muito pequeno para passar um tempo, e buscar me reencontrar. Por algum motivo escolhi a Província de Malta, onde conheci o trabalho com Refugiados vindos em navios da África. Então lembrei do Amor dos meus pais. Do Amor que sentiam pelo próximo e entendi o significado das bênçãos que alcançariam outras vidas.
Decidi voltar ao Brasil 4 meses depois para dar continuidade ao trabalho social que meus pais fizeram por anos, ajudando nossos orfanatos, asilos e outros projetos. E aqui também começou a ser germinada a sementinha do desejo de levar uma palavra de ESPERANÇA aos Refugiados.
Conheci e me encantei com o Projeto Refugiados em Malta.
Um momento de uma tristeza se transformou em algo muito especial.
Em 2017 estava acompanhando a grande tragédia que ocorria na Venezuela, através de amigos missionários que viviam por lá. Então meu aniversário em 2018, me dei de presente a visita ao País.
Cheguei 2 dias após um terremoto de 7.5 graus. Não conseguíamos comprar comida e nem remédios, tudo era muito difícil em todo o País. Quando conseguíamos comida, preparávamos com ajuda de voluntários das igrejas e distribuíamos mais de 500 pratos e era uma festa; além de levar ajuda a hospitais e orfanatos, fazendo arepas de farinha de milho (comida típica da Venezuela) beneficiando muitas pessoas.
Numa dessas ocasiões, fui convidada pela igreja para levar uma mensagem aos Venezuelanos. Ao pensar no teor da palavra só me vinha à cabeça ESPERANÇA e antes mesmo de iniciar, uma mulher, em meio a multidão, disse em alto e bom som que não acreditavam mais no governo e que o mundo havia fechado os olhos para seu povo e através da minha voz, poderia existir uma ESPERANÇA para aquele povo. Nascia ali a ESPERANZA ORGANIZAÇÃO HUMANITÁRIA.
Diante de tanto sofrimento, tristeza, me deparo com um garoto de olhar triste, chamado Jesus, com 10 anos de idade e com cicatrizes incuráveis, conversávamos todos os dias, e ele me dizia que seu maior sonho era que mudasse o governo para que seu País voltasse a ter alimentos para que seus amigos não morressem e que a crise terminasse.
Então conheci sua mãe, Marcia, que trabalhava em troca de comida, pois o dinheiro lá nada valia. Ela desejava que seu filho viesse para o Brasil para que sobrevivesse aquela guerra. Convidei-a para se unir a nossa casa onde estávamos com os missionários que levei do Brasil para ajudar. Quanto mais convivia com o menino Jesus, mais me encantava.
Um mês depois voltei ao Brasil, não conseguia ver uma mesa farta, que lembrava que aquele garoto nada tinha para comer, bem como muitos. Acordava todos os dias pensando que o pior poderia acontecer com Jesus. Então decidi buscá-los, foi uma operação de guerra, 65 horas para tirá-los de lá, e chegaram no Brasil dia 17 de dezembro de 2018, tendo pela primeira vez um Natal decente com uma árvore e presentes com seus nomes.
Quando o abracei no Brasil, são e salvo, percebi que eu não podia trazer os 30 milhões de Venezuelanos que queriam sair de lá, mas eu podia sim trazer esse menino com esse olhar doce e sorriso largo, chamado Jesus e sua mãe, e estariam representando toda uma nação.
Pergunto a ele: O que você quer ser? E ele me diz que quer ser um grande empresário para que um dia ele possa voltar a seu país e salvar muitas vidas e espera que seus amigos estejam vivos.
Ouvir isso não tem preço.
Hoje Jesus está na escola, vai muito bem em português e adora inglês, engordou e cresceu muito e fica com a fita métrica tentando medir para ver se me alcançou. Já estão com documentos e Marcia está apta para trabalhar.
As vezes podemos ser até criticados por essas ações, mas eu faria tudo de novo.
Em 2019 por falta de segurança não conseguimos entrar na Venezuela, então temos atendimento com missionários do Projeto Esperanza na fronteira, Boa Vista -Roraima, trabalhando lá, pude ver o caos na cidade. Fomos convidadas a conhecer a Operação Acolhida do Exército Brasileiro, ao qual fazem um trabalho lindo de interiorização de refugiados aos Estados brasileiros.
A Esperanza - Organização Humanitária e o Projeto Missão do Bem foram criados com o objetivo de espalhar pelo Brasil esse desejo de ajudar, dividir, colaborar com o próximo. De mostrar que é possível ajudar a quem precisa, seja com alimentos, com abraços, com sorrisos, com o nosso tempo. De provar que se cada um de nós conseguir mudar o mundo de um outro alguém, juntos mudaremos o mundo!
Não fui a missionária e nem a médica que meus pais sonhavam, sou uma administradora de empresas, mas fui muito abençoada com o amor ao próximo, com o desejo de ajudar, e de espalhar as bênçãos para quem estiver ao meu lado. De espalhar esse desejo a outros corações.
Espero que um dia quando eu não tiver mais forças para isso, o menino Jesus ou outras crianças possam continuar esse legado, a maior herança que recebi.
AMOR NÃO SE EXPLICA!
AMOR SE SENTE E SE DEMONSTRA!